Benefício

Ainda longe do ideal

Profissionais da região acolhem Auxílio Caminhoneiro, mas consideram o benefício insuficiente frente ao preço do diesel

Jô Folha -

A partir do dia 9 de agosto, milhares de caminhoneiros autônomos brasileiros poderão acessar as parcelas do Auxílio Caminhoneiro. O benefício federal foi aprovado recentemente, junto a um pacote de medidas polêmicas e consideradas eleitoreiras. Os trabalhadores irão receber R$ 1 mil mensalmente até dezembro deste ano. De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) há cerca de 850 mil trabalhadores devidamente registrados. Entretanto, a Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Rio Grande do Sul (Fecam/RS) não consegue ter precisão dos números para a Zona Sul.

O pagamento do dia 9 será referente aos meses de julho e agosto, totalizando R$ 2 mil. O benefício, denominado Bem Caminhoneiro, segue até dezembro, conforme o calendário divulgado pelo Ministério do Trabalho e da Previdência. Receberão a quantia aqueles com o cadastro regular do Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC) até o dia 31 de maio de 2022. O CPF e a CNH também deverão estar regulares.

A segunda parcela será paga em 24 de setembro; a terceira em 22 de outubro; a quarta em 26 de novembro; e, por fim, a última parcela em 17 de dezembro. Os pagamentos serão realizados da mesma maneira que o auxílio emergencial e o Auxílio Brasil. Os dados dos beneficiários serão repassados para a Caixa, que criará uma conta digital em nome dos caminhoneiros. Depois, os profissionais poderão procurar as agências mais próximas para solicitar o cartão e utilizar os fundos.

Situação no RS
O presidente da Fecam/RS, André Costa, destaca que vários pontos sobre a PEC ainda precisam ser regulamentados. "Uma coisa importante dita pelo ministro [José Carlos Oliveira] é que dos mais de 800 mil registros que constam na ANTT, já foram selecionados cerca de 650 mil. Então tem 200 mil que não vão receber e ninguém ainda sabe quem são, vai depender dos critérios da portaria", fala, estimando que, até o início da próxima semana, essas dúvidas sejam resolvidas.

Outro ponto que o presidente faz questão de esclarecer é sobre quem é o transportador autônomo de carga. "Esse é o proprietário do veículo e outra pessoa pode dirigir, que seria o motorista. O auxílio é para o transportador", explica. Ainda segundo ele, a exigência de CPF e CNH regulares não estavam previstos no texto da PEC. "Posso ser proprietário do veículo e não ter CNH e ter um motorista", alega.

Sobre a importância da quantia para a categoria, Costa não nega que qualquer ajuda é bem-vinda, mas também afirma que a medida é longe da ideal. "Vivemos problemas estruturais que não tiveram solução até hoje, independentemente de governo. Dar mil reais agora ajuda, mas isso termina em 31 de dezembro. E aí? O que vai ser da nossa vida?", questiona, citando o preço histórico do diesel. O pedido do presidente aos caminhoneiros é para que não caiam nas tentativas de golpe que já estão circulando no WhatsApp. "Não há cadastro prévio. Não cliquem em nenhum tipo de link, nada disso é necessário", fala.

Avaliação dos motoristas
Luciano Garcia é transportador autônomo e resume o atual momento como "muito difícil". Ele acredita que as parcelas não vão ajudar o necessário, já que o maior sofrimento da categoria é com o preço do óleo diesel. "Do ano passado para cá minha renda caiu mais de R$ 2 mil", lamenta. Outro trabalhador é Marcelo Peter. Na boleia há 17 anos, ele também defende que o ideal seria a queda no valor do combustível e não qualquer tipo de auxílio financeiro. "Nessa situação a manutenção do caminhão sempre fica para depois, acabo tendo que priorizar outras coisas", conta.

Régis Dias também endossa o discurso de que o ideal para a classe seria o preço justo do combustível. Ele é de Santa Vitória do Palmar e trabalha em Pelotas, e conta que para fazer esse trajeto de ida e volta gasta cerca de R$ 1,6 mil apenas com diesel. "A vida financeira tá muito difícil. A gente vem remando e trabalhando só para viver", diz. Na conversa com a reportagem, ele exemplifica ainda os preços dos pneus para que seja possível ter ideia do custo elevado com a manutenção do veículo. "Há um ano eu pagava R$ 700,00 em um pneu recapado. Hoje custa R$1,5 mil. Um pneu novo está custando R$ 3 mil".

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